A saúde mental das crianças e adolescentes durante a pandemia do novo coronavírus preocupa pais e especialistas. Diante disso, o Ambulatório de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro criou um projeto para atender pacientes de 10 a 16 anos que tenham depressão pós-covid-19, ansiedade ou transtorno obsessivo compulsivo (TOC) gerados ou piorados pelo medo da doença e pelo isolamento social.
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O fundador e coordenador do ambulatório, Fábio Barbirato, explicou à Agência Brasil que a iniciativa tem como objetivo enfrentar a quarta onda da pandemia, que se refere à possível incidência de doenças mentais. Os outros estágios correspondem à própria pandemia (primeira onda), os primeiros registros de mortes pela covid-19 (segunda) e os problemas derivados da doença (terceira).
Países europeus como Itália e Espanha, que foram muito atingidos pelo novo coronavírus e já retomaram as atividades, registraram um aumento de casos de depressão e ansiedade em crianças e adolescentes. “A procura por profissionais de saúde mental aumentou muito no Hemisfério Norte”, disse Barbirato, em entrevista à Agência Brasil.
Para o psiquiatra, a situação no Brasil e nos outros países do Hemisfério Sul não deve ser diferente. Assim, o Ambulatório da Santa Casa de Misericórdia do Rio pretende fazer um trabalho preventivo antes que os casos de depressão infantil “explodam” no País.
“O nosso trabalho é fazer uma triagem no nosso ambulatório, porque a pandemia começa a ter uma queda, as pessoas já começam a poder sair e, com isso, surgem preocupações e indagações que os pais têm e de certa forma começam também a transmitir isso para as crianças”, afirmou.
O projeto vai atender 100 crianças e adolescentes, que terão consultas por seis meses. A intenção é que os pacientes sejam acompanhados por oito anos. Os especialistas querem observar como os participantes do estudo estarão aos 18 e 24 anos para ver o impacto da pandemia na evolução deles.
As inscrições podem ser feitas pelo telefone (21) 2533-0188 até o dia 31 de julho. Depois haverá uma triagem para verificar quem realmente apresenta um quadro de depressão pós-covid-19, ansiedade ou transtorno obsessivo compulsivo (TOC) ou apenas uma questão de angústia passageira.